
Manaus- Uma cena revoltante marcou a manhã desta segunda-feira (11) no bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus. Uma trabalhadora ambulante, que vendia lanches para sustentar a família, teve sua banca arrastada e destruída por uma pá mecânica durante uma ação de fiscalização da Prefeitura de Manaus.
Visivelmente abalada, a mulher chorava e implorava para que não levassem seu pequeno ponto. “Por favor, é o meu trabalho! É o que eu tenho pra viver!”, gritava ela, em prantos, enquanto agentes da prefeitura e a máquina continuavam a operação. O vídeo, gravado por moradores e publicado nas redes sociais, viralizou e provocou forte comoção e indignação popular.
Veja o Vídeo:
Moradores da área se revoltaram com o que chamaram de “ação desumana”. “Eles dizem que estão organizando a cidade, mas estão destruindo o sustento de quem luta para sobreviver”, declarou uma vizinha que presenciou o momento.
A ação da Prefeitura
Segundo informações obtidas no local, a operação fazia parte das ações de “reordenamento urbano” promovidas pela Prefeitura de Manaus, sob a gestão de David Almeida. As equipes chegaram acompanhadas de maquinário pesado e removeram diversas bancas e barracas de pequeno comércio.
Nenhum representante municipal quis dar entrevista no momento da ação. Questionados por populares, os fiscais disseram apenas que “estavam cumprindo ordens” e que “as estruturas estavam em área pública irregular”.
No entanto, moradores afirmam que a vendedora trabalhava há anos no mesmo ponto, sem causar transtornos, e que não houve qualquer aviso prévio de retirada.
Humilhação e dor
A trabalhadora, ainda em choque, não quis se identificar por medo de represálias, mas relatou que o ponto era seu único meio de sustento. “Eu acordava cedo, fazia meu café, minhas tapiocas, e vendia pra criar meus filhos. Agora acabaram com tudo”, contou, em lágrimas.
O vídeo mostra o momento em que ela tenta salvar parte dos utensílios, enquanto a pá mecânica derruba a estrutura e espalha os restos na rua. Em poucos segundos, anos de esforço foram reduzidos a entulho.
Revolta nas redes e nas ruas
Nas redes sociais, o caso provocou onda de críticas à Prefeitura e ao prefeito David Almeida, acusado de perseguir trabalhadores informais em Manaus. Centenas de comentários apontam que a gestão tem adotado uma postura autoritária e insensível com quem tenta sobreviver de forma digna.
“Isso não é ordenamento, é crueldade. A Prefeitura destrói o trabalho de quem não tem nada e fecha os olhos pros verdadeiros crimes”, escreveu uma internauta.
“David Almeida está transformando a cidade num campo de humilhação pros pobres. É perseguição aberta contra o trabalhador”, comentou outro morador indignado.
O contraste da gestão
Desde 2024, a Prefeitura vem intensificando ações contra ambulantes e comerciantes de rua, alegando necessidade de “recuperar espaços públicos e disciplinar o comércio informal”. Porém, as operações têm sido alvo de denúncias de abuso e falta de diálogo, com trabalhadores acusando o prefeito de perseguir os mais pobres, enquanto empresas com contratos milionários seguem sem fiscalização efetiva.
Especialistas em políticas urbanas e movimentos sociais apontam que o problema da informalidade não se resolve com máquinas e repressão, mas com políticas de inclusão, regularização e apoio econômico.
Voz da comunidade
O sentimento entre os moradores do Cidade Nova é de tristeza e impotência. “O que custa conversar com as pessoas, oferecer uma alternativa? A Prefeitura está matando o povo de vergonha e desespero”, disse um senhor que presenciou a cena.
Outro comerciante, temendo ser o próximo alvo, resumiu o clima: “Aqui todo mundo tem medo agora. Trabalhar virou crime em Manaus.”
O episódio desta segunda-feira expôs mais uma vez o rosto desumano da política municipal diante dos trabalhadores informais.
A imagem da mulher em prantos, cercada por máquinas e fiscais, resume o sentimento de muitos manauaras: a Prefeitura tem perseguido, humilhado e destruído o sustento de quem mais precisa.
Enquanto o prefeito David Almeida insiste em promover um “ordenamento” que ignora a realidade social, cresce o clamor por uma cidade que trate seus trabalhadores com respeito, dignidade e empatia.










